Doença renal crônica: diagnóstico tardio é desafio ao tratamento

1 de setembro de 2021

O avanço lento e, muitas vezes silencioso, é um dos principais obstáculos ao tratamento e controle da doença renal crônica (DRC), a mais prevalente entre as patologias que afetam os rins. Em todo o mundo, estima-se que a DRC cause 2,4 milhões de mortes a cada ano. Mas você sabe por que os rins são tão importantes para o nosso organismo? 

As principais funções dos rins são filtrar o sangue para controlar a quantidade de água e de sal no corpo, eliminar toxinas, ajudar no controle da hipertensão arterial, além de produzir hormônios que impedem a anemia e a descalcificação óssea. Portanto, é fundamental mantê-los ativos. Para isso é recomendável:

  • Manter uma alimentação saudável, com baixa ingestão de sal
  • Hidratar-se bem
  • Praticar exercícios físicos com regularidade
  • Não fumar
  • Controlar a pressão arterial e o diabetes
  • Não utilizar medicamentos sem acompanhamento médico

A saúde renal pode ser comprometida com outras doenças, como aponta a nefrologista do HSVP, Tereza Matuck. A médica destaca que é preciso controlar outras doenças como hipertensão e diabetes mellitus, que podem levar à insuficiência renal, à necessidade de hemodiálise e até de transplante renal.

A especialista explica que a doença renal crônica tem avanço lento e silencioso. “Isso leva muitas vezes ao diagnóstico tardio, quando o funcionamento dos rins já está bastante comprometido, com a necessidade do encaminhamento à diálise e até mesmo para a fila de transplantes”, afirma Tereza.

A também nefrologista Jayne Trindade, especialista em hemodiálise do HSVP, explica que existem casos em que a perda renal pode ser revertida. “Os casos de insuficiência renal aguda podem ser controlados com medicamentos, dieta e, em alguns casos, também a hemodiálise”, orienta.

Sinais de alerta

Entre os sintomas que devem servir de alerta de que os rins não estão trabalhando adequadamente estão:

  • Edemas e inchaços no corpo,
  • Cansaço,
  • Náuseas e vômitos
  • Sonolência

Portanto, é indicado procurar o especialista, se observar alguns desses sintomas, pois o agravamento deles pode ser indicativo de insuficiência renal crônica terminal. Tereza Matuck adverte que quando os exames mostram taxas de uréia e creatinina muito elevadas, assim como o potássio, o paciente deve ser encaminhado para o programa de diálise. “É preciso que ele inicie a chamada terapia renal substitutiva. Ou, no caso de pacientes que têm um doador renal vivo, fazer um transplante renal preemptivo, que é realizado antes mesmo de iniciar a diálise. Se não for possível, é a hora de entrar na lista do Sistema Nacional de Transplantes para receber um órgão de doador falecido”, explica.

Para acompanhar a saúde renal, é preciso realizar exames clínicos de rotina, como a medição da taxa de creatinina no sangue e o exame de urina simples. Além disso, é sempre importante estar atento a alterações de volume, cor, cheiro e quantidade de urina.

Hemodiálise

Para quem já apresenta quadro de doença renal crônica, a hemodiálise permite limpar e filtrar o sangue por meio de um aparelho que elimina os resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e líquidos. Jayne Trindade esclarece que o procedimento é indicado quando a função renal está bem reduzida. “O nefrologista encaminha o paciente para a hemodiálise após a avaliação de sinais e sintomas apresentados e da realização de exames de sangue, de urina e também de imagem”, ressalta ela.

Vale lembrar que o tratamento de hemodiálise não deve ser interrompido. “O paciente que está em diálise, em geral, faz três sessões semanais, com duração de 4 horas cada, e não deve pular nenhuma. Se houver necessidade de viajar a trabalho ou mesmo a passeio, para visitar amigos ou familiares, o paciente deve fazer contato com algum centro de diálise localizado na cidade de destino, para manter a regularidade do tratamento. Aqui no HSVP, nós temos recebido pessoas que moram em outras cidades e que vêm ao Rio e realizam sessões ‘temporárias’ no nosso serviço. São os chamados pacientes itinerantes”, destaca Tereza Matuck.