Endometriose: entenda a doença que afeta até 15% das mulheres em idade reprodutiva

27 de julho de 2022
Recentemente, a cantora Anitta passou por uma cirurgia após o diagnóstico de endometriose. Ela sofre há 9 anos com a doença, que só foi descoberta agora e provoca dores intensas. De acordo com o especialista na doença, Claudio Crispi Jr, médico do serviço de Ginecologia do Hospital São Vicente de Paulo, a endometriose atinge entre 10 a 15% da população feminina em idade reprodutiva.

“Um número entre 80 e 90% dessas mulheres têm um quadro clínico exacerbado de dor, como fortes cólicas menstruais e dores nas relações sexuais, dores para evacuar e urinar e, não raro, dor pélvica crônica permanente (sem relação obrigatória com a menstruação), o que leva a uma condição péssima da qualidade de vida”, esclarece.

Crispi explica que a endometriose faz parte de um grupo de doenças hormoniodependentes, que se desenvolvem e crescem por meio de estímulos do hormônio feminino estrogênio. Esse grupo de doenças inclui ainda câncer de mama, mioma e o câncer de endométrio.

A principal forma de diagnóstico precoce da endometriose é estar atento aos quadros dolorosos.

“Caso a mulher tenha cólicas menstruais e alguma outra manifestação dolorosa com as citadas anteriormente, podemos ter uma forte suspeita da endometriose e o médico deverá, então, orientar a paciente para controlar o problema, o que muitas vezes é feito com o uso de contraceptivos simples ou progesteronas isoladas. O anticoncepcional bloqueia a função do ovário e vai diminuir a chance desse crescimento do tecido do endométrio, reduzindo a inflamação causada por essa doença. Consequentemente, é possível uma melhora do quadro doloroso”, afirma.

Como o caso de Anitta, alguns quadros da doença têm indicação de tratamento cirúrgico. A cirurgia visa a remoção de todos os focos visíveis da endometriose em tempo único.

“Essa é a melhor opção de tratamento para melhorar o quadro doloroso e também uma boa opção para combater a infertilidade, principalmente em pacientes jovens. A melhora na qualidade de vida e da redução da dor em mulheres que passam por uma cirurgia de endometriose é de 80 a 88% e temos uma melhora da infertilidade da ordem de 50%. A cirurgia normalmente é feita pela técnica videolaparoscópica, na qual não é preciso abrir o abdômen”, informa o especialista.