Hepatites virais: Saiba o que é falso e o que é verdadeiro

19 de julho de 2023

Julho é o mês dedicado a falar sobre as hepatites virais. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, 57% dos casos de cirrose hepática e 78% dos casos de câncer primário de fígado são decorrentes de infecção pelos vírus das hepatites B e C. Só na região das Américas, a cada ano são diagnosticados 10 mil novos casos de hepatite B e 67 mil de hepatite C. Mas você pode se proteger e prevenir da infecção, como ensina a hepatologista Andreia Evangelista, do nosso Centro Avançado Hepatobiliar:

“Nós temos vacinas contra as hepatites A e B e é muito importante que todos busquem se imunizar. Além disso, devemos adotar medidas preventivas como, no caso da hepatite A, a lavagem das mãos e higienização dos alimentos e, nos casos da B e C, evitar o compartilhamento de seringas e agulhas, certificar-se da adequada esterilização de equipamentos de manicure e pedicure e de fazer tatuagens e colocar piercings. Sempre que possível, dê preferência aos seus próprios utensílios”, orienta a médica.

Que tal testar seus conhecimentos sobre as hepatites virais?

  • É fácil reconhecer a hepatite porque os pacientes logo ficam com a pele e os olhos amarelados.

Falso. Muitas vezes a hepatite é diagnosticada tardiamente, pois costuma avançar de forma silenciosa. Em alguns casos, os pacientes apresentam sintomas mais exacerbados como icterícia, que é justamente a coloração amarelada da pele e dos olhos, dor no corpo, falta de apetite, vômitos, fraqueza e mal estar geral.

  • Hepatite sem tratamento pode se tornar crônica.

Verdade. As hepatites B e C podem se cronificar e, se não forem detectadas e tratadas a tempo, evoluir para doenças mais graves, como cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, que é o tumor maligno do fígado. Já a hepatite A não cronifica. Ela não tem tratamento específico e, geralmente, é aguda e de rápida resolução.

  • Não é possível ter hepatite C mais de uma vez.

Falso. Ter a doença uma vez não gera imunidade e o paciente pode ser reinfectado. Por esta razão, é importante manter os cuidados para prevenir uma nova infecção.

  • Não existem testes para hepatite e o diagnóstico é apenas clínico.

Falso. A detecção da doença pode ser feita por meio de exames laboratoriais, devido às alterações nas enzimas do fígado, principalmente TGO e TGP. Nos casos com icterícia, há também o aumento das bilirrubinas. Devem ser investigadas ainda a dosagem dos marcadores virais, que são anticorpos e proteínas específicas das hepatites A, B e C. É importante também pesquisar a carga viral por meio de técnicas de PCR que captam o DNA e o RNA dos vírus B e C.

  • Pessoas com mais de 40 anos devem fazer o teste de hepatite C.

Verdade. Profissionais de saúde e pessoas que se expuseram a materiais potencialmente contaminados, como seringas e agulhas não esterilizadas, pessoas que praticam sexo sem proteção ou que têm múltiplos parceiros e aqueles que estão em situação de rua têm mais risco de exposição aos vírus B e C e devem fazer o teste. No caso específico da hepatite C, a maioria das pessoas contaminadas hoje tem mais de 40 anos, então recomenda-se a testagem de todos, independente do fator de risco.

  • A Organização Mundial de Saúde pretende erradicar as hepatites B e C até 2030.

Em 2016, a OMS lançou a estratégia global de hepatites, endossada pelos Estados Membros, que preconiza a redução de 90% de novas infecções e de 65% das mortes por hepatites até 2030. No Brasil, o Programa Nacional de Hepatites Virais, criado há mais de 20 anos pelo Ministério da Saúde colocou o país em posição de destaque no enfrentamento às hepatites.