Evento destaca a importância do acompanhamento especializado para práticas saudáveis e seguras
Cerca de 200 pessoas entre profissionais de saúde de variadas áreas e estudantes se reuniram no auditório do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ) no dia 6 de dezembro para acompanhar a 19ª edição da tradicional Jornada Científica Multidisciplinar. O tema ‘Medicina do Exercício e do Esporte’ atraiu interessados nas mais modernas abordagens de renomados especialistas que destacaram em suas falas, essencialmente, a relevância do acompanhamento especializado para garantir que as práticas sejam realizadas de forma saudável e segura.
Também foram expostos dados que definem um panorama que desperta a preocupação de especialistas. Um cenário em que 5 milhões de mortes por ano estão relacionadas ao sedentarismo de acordo com a Organização Mundial da Saúde; e que 52% da população brasileira está sedentária, segundo uma pesquisa do Serviço Social da Indústria (Sesi). O Ministério da Saúde aponta ainda que 3 em cada cem mortes no país podem ter influência da falta da atividade física no dia a dia.
É para transformar esta realidade que, do encontro com profissionais de saúde, saíram soluções inovadoras, como a prescrição da atividade física na própria receita médica, e o acompanhamento conjunto entre diferentes especialidades e áreas da saúde durante toda a assistência, compartilhando informações e contribuindo para o sucesso do tratamento.
A diretora geral do HSVP, Irmã Maria Aparecida Cirico Maciel, explicou a escolha do tema da Jornada: “O assunto nos convida a olhar para o ser humano de forma integral, valorizando a conexão entre corpo, mente e alma. Ao discutir o impacto da atividade física na saúde, ampliamos nossa visão sobre o cuidado, não apenas promovendo o bem-estar físico, mas reafirmando a nossa vocação de levar dignidade e qualidade de vida aos nossos pacientes”. De acordo com o diretor-executivo do hospital, Rogério Bartkevicius, “a programação permitiu explorar temas relevantes e atuais que conectam a prática médica aos desafios de um cenário em constante transformação”.
Karina Carvalho Tenan, diretora técnica do HSVP, destacou: “Este evento é a oportunidade de mergulhar em discussões que vão além do convencional. Falamos sobre o impacto do exercício na saúde do idoso, exploramos os avanços no manejo de lesões esportivas e trouxemos um olhar diferenciado para a medicina preventiva e a reabilitação”.
Mais atividade, menos problemas
A primeira mesa do evento, ‘Prática do exercício no idoso’, trouxe o tema ‘Avaliação clínica do idoso e do atleta do final de semana’. O chefe do serviço de Cardiologia do Hospital, Aristarco Siqueira, abriu os trabalhos de forma objetiva: “A prática de atividade física é importante para todos, e o brasileiro está falecendo mais tarde, então mais idosos estão precisando ser examinados. A Medicina hoje tem que conversar sobre o idoso. As estatísticas mostram essa necessidade”. Aos 80 anos, ativo física e profissionalmente, o médico ratifica que o básico seja bem feito: bons exames físicos, antes dos pedidos laboratoriais ou de imagem. A cardiologista Alessandra Siqueira, que também é maratonista, defendeu o incentivo à atividade física para viver melhor, evitando os maiores problemas contemporâneos – a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo. “O cenário é preocupante. Não nos preparamos para lidar com o número de idosos que temos”.
Os desafios do envelhecimento populacional, como o preconceito relacionado à idade, foram abordados pela médica do serviço de Geriatria do HSVP Alessandra Ferrarese. “Quando falamos sobre longevidade, não falamos apenas da quantidade de anos que vivemos, mas de como vivemos”, declarou, lembrando que a atividade física contribui para a prevenção e tratamento de doenças crônicas e que profissionais de saúde têm a oportunidade de informar e estimular mudanças, seja incentivando a prática, personalizando exercícios pensando na individualidade levando em consideração o propósito do idoso.
Outro ponto de extrema importância, a saúde óssea também foi pauta do encontro. O médico do serviço de Endocrinologia da instituição, Phelipe Ornellas, trouxe um alerta sobre a associação entre fraturas e óbitos. “A atividade física é importante para prevenir a perda da massa óssea, que se torna mais comum ao longo da vida. Além de gerar independência física, essencial para a população idosa”, explica. Ele também frisa a necessidade de que os exercícios envolvam estímulos, como atividades com peso e algum impacto, para garantir um envelhecimento saudável.
Multidisciplinaridade pela longevidade
A mesa ‘Atividade física na pessoa idosa: qualidade de vida e longevidade com o apoio da equipe multiprofissional’ trouxe a abordagem de profissionais de diferentes formações que, de modo integrado, têm inovado e produzido um impacto significativo na saúde de seus pacientes, otimizando esforços e colocando a atividade física como ‘remédio’ essencial para tratar e prevenir doenças.
A profissional de Educadora Física Talita Cezareti abordou o combate ao comportamento sedentário e suas questões psicossociais. Talita defende e trabalha em cooperação com médicos que não só recomendam, mas prescrevem na receita médica a atividade física, como fazem com medicações ou outras recomendações. “O comportamento sedentário é um marcador de morte. O sedentarismo é condição fatal. A atividade física não deve ser apenas um conselho em consulta, mas sim uma prescrição”, argumenta.
Nutricionista clínica do HSVP, Júlia Quinet trouxe o tema ‘Abordagem nutricional nas alterações da composição corporal no envelhecimento’, reforçando que uma alimentação balanceada em conjunto com atividade física é imprescindível para manutenção da massa muscular e prevenção da sarcopenia. “Não adianta só suplementar se o aporte proteico não estiver ajustado e mantiver um comportamento sedentário. A sarcopenia é uma condição séria que exige abordagem multidisciplinar”, afirma. Foi sobre esta fase da vida, suas escolhas e particularidades que Natasha Pinheiro, psicóloga do Hospital, propôs reflexões em sua palestra a respeito da saúde mental: “A atividade física é uma das intervenções mais eficazes para preservar a saúde mental, além de contribuir para prevenir e tratar a depressão e ansiedade.”
Além da performance
A Jornada teve ainda uma mesa sobre morte súbita, com especialistas trazendo as principais ocorrências e modos de prevenção; e o ‘Painel de atualização: O que há de novo no trauma desportivo’, que propôs debates sobre casos clínicos, os perigos das lesões musculares, a importância da abordagem adequada e intervenção oportuna para prevenção de danos maiores ao atleta.
A mesa ‘Avanço da medicina no esporte’ apresentou ‘Nutrologia esportiva: prática clínica’ com o nutrólogo José Constantino Júnior. O médico expôs os perigos de tomar suplementos ‘da moda’ por conta própria, de forma indiscriminada e sem acompanhamento profissional: “Consumir suplementação de forma inadequada pode não só não surtir efeito como ser nocivo à saúde”. O alerta sobre a banalização da ingestão de substâncias foi reforçado pelo ortopedista Roberto Nahon, em sua fala sobre a farmacologia no esporte, que destacou a gravidade do uso de produtos que podem levar até a morte, mas são livremente comercializados e consumidos: “Na academia há muito mais risco no uso dessas substâncias proibidas”, enfatizou.
Outra advertência foi dada sobre o perigo da concussão cerebral no esporte. O médico Luís Carlos Silveira apresentou o tipo de lesão repetitiva na cabeça, levando à encefalopatia crônica traumática ou demência do pugilista, que afetou atletas como Maguila e Éder Jofre, oferecendo riscos a longo prazo. Durante as competições de esportes de contato, é necessário identificar rapidamente para agir o quanto antes, fazendo a avaliação ainda no local em que houve o trauma, podendo ser necessária a remoção imediata de acordo com as bandeiras vermelhas presentes no CRT6 – Concussion Recognition Tool, um questionário para identificação rápida de red flags para concussão cerebral usado para avaliação imediata do atleta pós-trauma de cabeça. E dar a devida importância ao diagnóstico precoce e ao protocolo de recuperação: “O retorno seguro precisa acontecer aos poucos, com treinos gradativos”, orienta, concluindo: “O esporte cura, salva, previne e reabilita”.
Coordenador da Jornada Multidisciplinar, o hemodinamicista Cyro Rodrigues, fez um balanço sobre essa 19ª edição do evento, ressaltando que o Hospital São Vicente de Paulo é uma instituição que incentiva a produção e a troca de conhecimento científico entre os profissionais da saúde: “Os profissionais da área médica e multidisciplinar do HSVP, diante da excelência das palestras e discussões apresentadas durante a Jornada, reforçam o conceito do alto padrão científico e de trabalho nos cuidados da saúde dos que procuram o Hospital. Parabéns a todos”.
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