Você sabia que o ‘corpo fala’? E muitas vezes relutamos ou custamos a reconhecer a mensagem que ele está tentando passar: sinais sutis que podem indicar problemas de saúde. “Há aqueles sintomas mais óbvios que despertam a atenção e levam os pacientes aos consultórios ou emergências, como febre ou dores intensas. Mas há outros que podem passar despercebidos e não recebem o cuidado devido”, adverte Ana Cristina Belsito, chefe do nosso serviço de Endocrinologia.
De acordo com Belsito, uma queixa frequente dos pacientes é a fadiga crônica. “Muitas pessoas chegam para o atendimento relatando muito cansaço, acreditando que essa sensação se deve a algum desequilíbrio hormonal. Realmente, condições como hipotiroidismo, hipogonadismo ou mesmo menopausa podem causar cansaço, mas há outras situações que podem provocar esse sintoma, como deficiência de vitaminas, alterações de glicemia, depressão, ansiedade e baixa qualidade do sono, entre outras. Por esta variedade de causas, não há um exame laboratorial específico que determine de onde vem o problema e é necessário fazer algumas testagens para ajudar neste diagnóstico, entre eles o hemograma completo para avaliação de anemia por deficiência de ferro, exames de função hepática, avaliação da função renal, de glicemia e de vitaminas como B12 e D”, explica.
Os resultados serão analisados pelo médico. Mas, entre as causas mais comuns, está o desequilíbrio hormonal, como o cortisol, que é relacionado ao estresse e desempenha um papel importante no equilíbrio energético do corpo. “Níveis altos de cortisol, que estão associados ao estresse crônico, ou baixos, como ocorre na insuficiência adrenal, podem levar à fadiga crônica. Outras causas hormonais são o hipotiroidismo e o hipogonadismo, uma condição em que os testículos produzem quantidades inadequadas de hormônios sexuais, como a testosterona. Estes desequilíbrios podem afetar o metabolismo, levando a sintomas como o cansaço persistente”, afirma a especialista.
A saúde cardiovascular também pode provocar quadros de fadiga crônica, como explica a médica Eliene Pinto de Souza. “Patologias como insuficiência cardíaca, as miocardiopatias, que são as doenças do músculo cardíaco, arritmias cardíacas e obstruções nas artérias coronárias podem deixar os pacientes bastante cansados. A avaliação cardiológica em uma consulta com o médico de confiança e a realização de exames como o eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma, teste de esforço e exames de sangue específicos, são importantes para que se estabeleça o diagnóstico correto e a adoção do melhor tratamento para cada caso”, diz a cardiologista.
As médicas destacam entre causas comuns de fadiga crônica os distúrbios do sono, como insônia, apneia ou síndrome das pernas inquietas, e a depressão.
Conheça outros sinais que não devem ser ignorados:
- Queda de cabelo: um dos sintomas mais comuns no consultório de Dermatologia, pode ter causas diversas, como deficiência de ferro, hipotiroidismo e até sífilis;
- Coceira na pele: pode ser sinal de alguma alergia ou problemas sistêmicos. “Um quadro de prurido prolongado deve ser investigado, pois pode ser indicativo de problema no fígado, nas vias biliares ou nos rins, por exemplo”, ressalta o chefe do nosso serviço de Dermatologia, Eduardo Mastrangelo Falcão.
- Úlcera na pele: pode ser indicativo de insuficiência venosa, câncer de pele ou infecção sistêmica.
- Unhas frágeis e quebradiças: podem revelar deficiências nutricionais, como falta de ferro, de biotina ou de proteínas.
- Pele seca e descamativa: a pele é o maior órgão do corpo humano e mantê-la bem cuidada e hidratada é fundamental para evitar infecções. Condições como a baixa umidade do ar, deficiência de vitaminas, dermatites ou problemas hormonais podem deixar a pele seca.
- Boca seca: pode ser causada pelo uso de medicamentos, desidratação, distúrbios salivares ou mesmo por condições autoimunes, como a Síndrome de Sjögren.
Fique atento aos sinais do seu corpo, pois eles podem ajudar a diagnosticar doenças! A prevenção e a detecção precoce são fundamentais para um tratamento eficaz.